quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Não volta...

Mais uma vez cansada, perdida em meio aos pensamentos de sua tenra juventude que não parecera tão bem aproveitada. Agora já tendo a perdido, sente falta da vitalidade e da força de vontade que antes a levava aonde quisesse para voltar quando pudesse.
Agora caminhava apoiada em sua bengala de madeira, quase sem força, pela cidade vendo os lugares onde passou maior parte da sua juventude, acompanhada pela neta que a segurava pela mão e conversavam por longas horas.
Parou de fronte a uma praça, fixou o olhar em um dos bancos lembrando épocas mais remotas em que costumava tomar chimarrão com os amigos nas cansativas tardes de domingo, em meio a risadas e longas conversas. Amigos esses que já não via há tantos anos, não sabia ao menos onde foram parar. Naquele momento lhe bateu um sentimento vazio e uma questão, será que deixara que todos se fossem sem ao menos terem conhecido sua essência, nunca contou nenhum segredo, nada além da diversão e conselhos amigáveis, era o ombro amigo para todos, mas nunca teve algum alheio ouvido que lhe escutasse, talvez nem quisesse contar seus segredos. Achava que nem seria de suma importância o que sentia na época, mas agora sentia tanta necessidade de falar quanto quando no tempo passado. De tanto não falar, agora a nem sabia como o fazer, mas ainda sentia um aperto no peito que lhe subia até a garganta junto a uma vontade de gritar que há anos andava consigo. O pensamento que sempre a acompanhava, a cada dia se firmava, que nunca esteve em um existência tão superiormente interessante que fosse digna de compartilhamento.