quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Caminho

Ao ver a imagem refletida nas sombras da água, pensou: onde estou? Foi caminhando em direção à única luz que via ao longe. Quando chegou, avistou um velho poste no meio do nada. Sentou-se, olhou para os lados buscando uma saída. Enxergou entre alguns arbustos uma clareira, parecia uma trilha. Resolveu seguir por ali. Pelo caminho havia algumas árvores tão belas, outras tão turvas, a maioria escura e cheia de deformações nos troncos e folhas. Andava devagar em meio a tudo, não via outro caminho senão aquela trilha estreita que ia se seguindo. Não tinham flores, nem animais, nem frutas nas árvores mais belas. Talvez se ficasse passasse algum beija-flor que pudesse levar a algum jardim, mas não tinha tempo. Então avistou uma luz nem muito próxima. A estrada estava levando até ela. Não apurou o passo, seguia caminhando suavemente sem deixar marcas no chão e nem olhar para trás. Ao chegar, deu-se no mesmo poste de onde tinha saído. Sentou-se sem nenhuma expressão no rosto e olhou para o céu, tão escuro, sem nada, sem rumo. O seu único leme eram as pernas. Não pensava em nada, não tinha nada para carregar, nada para se lembrar. Olhou para aquela mesma trilha e foi andando, de cabeça erguida, suavemente, como se ela pudesse mudar e o levar para fora de lá. Algum dia.